sábado, 24 de dezembro de 2011

Posto Fiscal de Salvador - Penamacor


Efectivo do posto da GF de Salvador (Penamacor) em dia festivo (presume-se anos30/40 do séc.XX).


Mais uma fotografia que testemunha o espírito de camaradagem e a sã convivência que existia nos postos da grande família que era a GF.


Identifica-se o segundo elemento (da esquerda para direita) da fila da frente, como o cabo Zeferino Lopes, então comandante do posto. Foto cedida pelo seu afilhado Zeferino dos Santos Afonso.
in:http://salvadorbarquinhadoiro.blogspot.com/2011/06/guarda-fiscal-de-salvador.html

BOAS FESTAS

São Mateus, padroeiro da GF, quadro oferecido pela Guarda de Finanza à congénere portuguesa





A EQUIPA RESPONSÁVEL PELA GESTÃO do PICACHOURIÇOS -GUARDA FISCAL DESEJA A TODOS OS SEUS LEITORES
COLABORADORES E AMIGOS
UM FELIZ NATAL .

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

18º Convívio Nacional dos Militares da Guarda Fiscal





Foi no passado dia 17 que uma vez mais uma avalanche ( 450 ) de Militares da Guarda Fiscal, familiares e amigos, vindos do Minho ao Algarve, quisemos todos dar as mãos e num gesto de verdadeira amizade , mostrar às novas gerações que continuamos bem vivos e sempre gratos ao Corpo Militar que devotadamente servimos, recordando-o ano a ano.
Cumprindo o Programa, fomos recebidos pelo Presidente da Câmara do Gavião - um Alentejo diferente -. Trocámos palavras, lembranças e foi imposta no estandarte mais uma fita comemorativa do Convívio.
Com a Igreja repleta assistimos à Missa de sufrágio pelos colegas que já nos deixaram. Foi lida uma mensagem de amizade e esperança subordinada ao tema: a melhor idade – terminando com o segredo da longevidade: “ se queres viver muitos, muitos anos, basta fazer uma coisa: não morrer. “
A organização fez oferta de quatro pratos de porcelana, gravados com mensagens alusivas à efeméride e ainda outras lembranças a todos os convivas. Assim tem sido todos os anos.
As fotos da praxe para a posteridade e a debandada para a Quinta em cortejo automóvel, onde fomos presenteados com uma ementa tipicamente alentejana que a todos agradou. Um pézinho de dança, bolo partilhado com champanhe, o canto dos parabéns e o começo das despedidas com os velhos abraços e com o agrado de um dia diferente, um dia de amizade, um dia a recordar e a vontade de voltarmos no dia 22 de Setembro, em Fátima, aos pés da Virgem.


Luís Infante

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Símbolos da Guarda Fiscal

O camarada José Euzébio, em tempos, enviou-nos algumas fotos com "preciosidades" do nosso fardamento, já raras de encontrar.




Podemos também ver a medalha comemorativa do centenário da Guarda Fiscal.




O nosso obrigado ao camarada José Euzébio por ter preservado estes artigos simbólicos.


1- As "velhas estrelas ( ou rosa-dos-ventos) que usávamos nas golas dos dolmans e das camisas.

2 - O primeiro crachá da Guarda Fiscal, usado em todo o dispositivo.




3. o segundo crachá da GF, substitui o anterior, e é também usado em todo o dispositivo.







4 - Para além dos dois crachás anteriores, podemos observar o crachá usada no antigo Bat. 2 - Évora. Consta, ainda a fivela do cinto com as estilizadas letras"GF", o alfinete de gravata e as estrelas para as golas das camisas e dolmans
.







5 - Medalha do centenário com o brasão de armas da GF











6 - Medalha do Centenário - podemos observar o padroeiro da GF, São Mateus, que foi cobrador de impostos; um guarda fiscal com o primeiro fardamento da instituição, ainda no século XIX, junto de um militar com o uniforme n.2, usado em 1985, armado de G3; um guarda das patrulhas móveis junto ao seu motociclo; um marco de pedra identificador da raia terrestre, uma lancha do serviço marítimo ( provavelmente a conhecida "centenário") um land rover de vigilância costeira equipado com um radar no tejadilho ( "baptizado" de "panela"), e um avião, talvez simbolizando o então serviço de controlo de passageiros da GF ou as operações de controlo de contrabando no mar onde, em cooperação, eram usadas aeronaves ; e, por fim, podemos ver o estandarte da GF.















































segunda-feira, 4 de julho de 2011

Guardas Fiscais no Algarve - anos 50/60


O nosso colaborador Antero Neto Lopes enviou-nos esta bela fotografia de dois guarda fiscais numa praia do Algarve, tirada nos anos 50/60 do século XX. O guarda da direita é o falecido pai deste nosso amigo, o cabo Antero Lopes.

Agradecemos o envio de mais esta colaboração. É com o contributo de todos que vamos, em conjunto, construindo, nestas nossas páginas electrónicas, parte da história da Guarda Fiscal.





Obrigado,
Custódio Duarte.

sábado, 25 de junho de 2011

Posto da Guarda Fiscal da Assenta - Abandonado

O Posto Fiscal da Assenta (Secção da Ericeira) tem uma vista magnífica de mar e encontra-se a escassos metros do porto de pesca e praia da assenta.




Estas fotos foram-nos enviadas, há já bastante tempo, por uma jovem, residente na Assenta, estudante de um curso superior de turismo e que procurava aproveitar as instalações para um posto de turismo e de interpretação do porto de pesca. Não deve ter conseguido os seus intentos, pois segundo informação recente o posto continua ao abandono e a até a pedra com a identificação da GF ( a célebre rosa-dos-ventos) já foi retirada/"desviada" da parede.




A nossa pergunta é sempre igual: não tinham obrigação os SS da GNR de ter cuidado deste posto ( com a nova autoestrada fica a cerca de 30 minutos de Lisboa) e fazer dele uma bela casa de veraneio/repouso?



























































quarta-feira, 22 de junho de 2011

Posto da Guarda Fiscal de Monte Gordo - Abandonado





O camarada Emílio Moitas enviou-nos estas fotos do Posto da GF de Monto Gordo. São datadas de 2010 estando o posto ao abandono. Como se pode ver numa das fotos, até já tentaram retirar/furtar a pedra com as insígnias da GF e identificação do posto.






Será que numa zona balnear de excelência, e com os milhões de contos que os Serviços Sociais da GNR ficaram provenientes dos SS da GF, este posto não deveria estar devidamente cuidado e equipado para servir de casa de repouso/veraneio aos sócios dos SS e familiares?



terça-feira, 7 de junho de 2011

Guardas Fiscais com Busto da República - 1927







Mais uma excelente foto do espólio do Tenente Seixas (sentado ao lado do busto da República, lado esquerdo) enviada pelo seu neto Eliseu Seixas Aguiar.

O grupo de guarda fiscais pousa junto ao convento de Freixo de Espada à Cinta, no dia 31 Janeiro de 1927. Tratou-se, evidentemente, da comemoração da Revolta Republicana do Porto que se deu a 31 de Janeiro de 1891.

Como sabemos, pelo menos uma companhias da Guarda Fiscal do Porto lutou ao lado dos revoltosos republicanos. A revolta fracassou devido à acção da Guarda Municipal do Porto ( antecessora directa da Guarda Nacional Republicana). Os ventos da História.

"(...)O capitão Leitão, que acompanhava os revoltosos e esperava convencer a guarda a juntar-se-lhes, viu-se ultrapassado pelos acontecimentos. Em resposta a dois tiros que se crê terem partido da multidão, a Guarda solta uma cerrada descarga de fuzilaria vitimando indistintamente militares revoltosos e simpatizantes civis. A multidão civil entrou em debandada, e com ela alguns soldados.

Os mais bravos tentaram ainda resistir. Cerca de trezentos barricaram-se na Câmara Municipal, mas por fim, a Guarda, ajudada por artilharia da serra do Pilar, por Cavalaria e pelo Regimento de Infantaria 18, força-os à rendição, às dez da manhã. Terão sido mortos 12 revoltosos e feridos 40. (...)A reacção oficial seria como de esperar, implacável, tendo os revoltosos sido julgados por Conselhos de Guerra, a bordo de navios, ao largo de Leixões: o paquete Moçambique, o transporte Índia e a corveta Bartolomeu Dias . Para além de civis, foram julgados 505 militares. Seriam condenados a penas entre 18 meses e 15 anos de degredo em África cerca de duzentas e cinquenta pessoas (...)" in

http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolta_de_31_de_janeiro_de_1891

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Histórias da Vida Fiscal - Uma "Romaria"...


Vou lembrar mais uma das minhas vivências na Secção da Zebreira que
comandei de 1969/72.
O contrabando por aquelas bandas era muito pobrezinho -
travessas, pratos e copos de pyrex, chocolates, bebidas, roupas, c aramelos
,café - mas a Missão dos que vigiavam aquelas terras inóspitas era
precisamente evitar a entrada no País desses artigos por lugares não
habilitados ou seja " a salto " nas costas do GF.
Era imperioso "mostrar serviço" face aos constantes lembretes dos
Comandos Superiores e até havia uma espécie de desafio e avidez de ver
muitas vezes o número e valor das apreensões mencionadas na Ordem do
Batalhão.
Assim lá íamos fazendo pela vida e dando nas vistas. Era sempre uma
festa quando aparecia qualquer carregamento porque estava ali o fruto
do trabalho árduo dos nossos homens.
Os artigos apreendidos eram então levados para a Secção, devidamente
relacionados dando-se posteriormente conhecimento á Alfândega para que
esta procedesse à autorização de venda em hasta pública ( leilão ).
Quando avultadas a Alfândega chamava a si tal tarefa.
Vinha depois a feitura do edital colocado em lugares estratégicos
indicando o dia e hora, normalmente uma vez por mês e sempre Domingos
à tarde para maior participação dos interessados.
Recordo com saudade aquela " romaria " de pessoas da terra e de muitas
localidades vizinhas que marcavam presença no intuito de levarem mais
em conta alguma coisa para casa.
Chegámos a demorar tardes inteiras para terminar os leilões porquanto,
a pedido dos presentes - e eu dava o jeito - os mesmos eram feitos em
lotes pequenos e deste modo mais acessíveis à bolsa de cada um.
Curioso era sabermos que muitos dos que estavam presentes eram os
donos dos artigos apreendidos, daí quererem recuperar o perdido. De
salientar também que este contrabando era normalmente " com arguido
desconhecido " por não haver lugar a detenção. Os contrabandistas
tinham por hábito abandonar a mercadoria ao pressentirem a presença
dos Guardas.
Aqui fica mais um desfiar de recordações , parte integrante dum
palmarés que jamais poderemos esquecer

Luis Infante




Por casualidade, encontrámos o DL de 1923 que cria a Secção de Zebreira do Bat. 2 da GF, substituindo a Secção de Segura. A mudança deu-se, fundamentalmente, por não existirem em Segura as comunicações telegráficas necessárias ao bom funcionamento do serviço da GF.







Vide link abaixo:
http://www.dre.pt/pdf1s%5C1923%5C02%5C03900%5C02390239.pdf








sábado, 21 de maio de 2011

Histórias da Vida Fiscal - A velha técnica do "picachouriços"


Hoje ao visitar o site dos picachouriços dei comigo a relembrar de um acontecimento que se passou comigo em que a técnica do picachouriços foi aplicada, assim vou partilhá-lo com vocês:



Decorria o ano de 1988, no mês de Junho/Julho, e encontrava-me a estagiar no Destacamento Fiscal da Figueira da Foz. Dias antes de minha ida para o estágio, tinha dado à costa uns fardos de haxixe, os quais foram encontrados por um pescador que deu conhecimento à Polícia Marítima que os apreendeu.


Com a chegada dos estagiários, o efectivo aumentou podendo o Comandante do Destacamento lançar um maior número de patrulhas na respectiva ZA. Fui incorporado numa equipa e parti a efectuar patrulhamentos com maior incidência na praia onde tinha dado à costa o haxixe. Passados alguns dias, encontrámos junto à rebentação das ondas espalhadas na areia umas tabletes de haxixe, que foram recolhidas pesando cerca de 1,600 kg. Passámos juntamente com outras equipas a efectuar a rendição no local, porque durante as noites havia movimentos estranhos na referida praia e na área circundante, o que nos levou a desconfiar e a intensificar o patrulhamento.




Dado que suspeitávamos que a droga devia estar escondida na areia, sugerimos ao Comandante do Destacamento para que fossem feitos uns ferros pontiagudos de forma a que pudéssemos picar a areia. O Comandante acedeu à nossa ideia e uma madrugada fizenhos uma linha e cada um munido de um ferro picámos a areia tendo dado resultados positivos. Enterrados na areia foram encontrados vários fardos de haxixe que pesaram um total de 1200 Kg. Isto aconteceu numa praia próximo da lixeira de Mira.
Resultado da história: a técnica do picachouriços resultou.


Um abraço,



José Vilarinho

terça-feira, 10 de maio de 2011

Os guarda fiscais de Ernestina, de J.Rentes de Carvalho


O nosso amigo Antero Neto, em tempos, aconselhou-nos a leitura de Ernestina, de J. Rentes de Carvalho (escritor português que reside na Holanda), pois duas das personagens da obra tinham sido guarda fiscais: José Maria Carvalho, avô do escritor, e António Afonso de Carvalho, o seu pai.



Ernestina, quanto a nós obra de qualidade, onde talvez mais do que com as próprias personagens dos dois guardas fiscais, nos identifiquemos com a saudade das memórias das nossas aldeias de origem - que muitos de nós abandonámos "para sempre" ao ingressarmos na Guarda Fiscal.



O Sr. J. Rentes de Carvalho teve a amabilidade, que muito agradecemos, de nos enviar algumas fotos do seu pai e do seu avô que, como dissemos, são retratados em Ernestina (nome da mãe do escritor).



Tomamos a liberdade de transcrever um apontamento de uma outra obra de J. Rentes de Carvalho, Tempo Contado - Diário (Quetzal Editores, 2010), em que, embora referindo-se particularmente ao seu pai, muitos de nós, guarda fiscais, nos revemos.



" Por vezes tenho inveja do meu pai. Por circunstâncias várias a sua vida não foi feliz, mas pelo menos pôde vivê-la de acordo com o carácter que tinha: o seu deus era a lei, a sua missão fazer cumprir a lei e punir os transgressores, o seu gosto maior ver a lei cumprida (...)" (p.258).












José Maria Carvalho, avô de J. Rentes de Carvalho, c. 1930




António Afonso Carvalho, pai de J. Rentes de Carvalho, Posto da Foz do Minho, 22 de Agosto de 1953
António Afonso Carvalho, pai de J. Rentes de Carvalho, Gondarém, Posto da Ilha dos Amores, 1961


António Afonso Carvalho com outro guarda fiscal, Cais das Freiras, Gaia, 2 de fevereiro de 1932.












Outras fotos onde figura António Afonso Carvalho
Verão de 1933



Quartel da Guarda Fiscal, Rua Direita, Gaia, 1930





Posto da Afurada,1933

















quinta-feira, 7 de abril de 2011

Os Refugiados de Barrancos - documentário

Já anteriormente tínhamos informado da realização de um documentário espanhol sobre os refugiados de Barrancos durante a Guerra Civil de Espanha. É uma excelente lição de história sobre um assunto que, em Portugal, teima em ficar esquecido. Se o destaque vai para o Tenente Seixas, da Guarda Fiscal, por ser o comandante operacional das várias forças militares que vigiavam a fronteira devido à Guerra Civil ( o que prova o "estatuto" da GF na raia terrestre, como nos diz Maria dulce Simões, abaixo), e por ter ocultado um segundo campo não autorizado, não podemos também esquecer a acção do tenente Soares da GNR, que fez frente aos partidários de Franco que disparavam contra os refugiados que já se encontravam do lado da fronteira portuguesa. "(...) A fronteira de Barrancos era vigiada desde Agosto de 1936 por militares do Regimento de Infantaria 17 de Beja, sob ao comando do capitão Aristides Coimbra, por forças da Guarda Nacional Republicana sob o comando do tenente Oliveira Soares, por uma Brigada Móvel da (P.V.D.E) dirigida pelo agente Júlio Lourenço Crespo, e por militares da Guarda Fiscal. O responsável pelo comando técnico das operações no terreno era o tenente António Augusto de Seixas, comandante da Guarda Fiscal da Secção de Safara. Esta responsabilidade comprova o poder da Guarda Fiscal na fronteira, apesar de contestado por outras organizações militares destacadas para esta “missão” (Simões, Dulce, Os Refugiados da Guerra Civl de Espanha)-


OS REFUGIADOS DE BARRANCOS (clique para ver o documentário)


Consulte artigos sobre este tema no nosso site



Documental de Producciones Mórrimer. Sinopsis: Septiembre de 1936. Los últimos pueblos republicanos situados junto a Portugal son conquistados por las tropas del general Franco. Al igual que en Badajoz y otras poblaciones, la represión que desatan es brutal. El apoyo del dictador portugués Salazar a los golpistas no hace aconsejable huir hacia Portugal, pero para muchos es su única salida. De esta manera, cientos de personas deciden cruzar la frontera perseguidos de cerca por los sublevados. El procedimiento habitual de las autoridades portuguesas es entregarlos a sus aliados franquistas, que proceden a fusilarlos sin tardanza. Sin embargo, gracias a la humanitaria intervención del teniente portugués António Augusto de Seixas, se crean dos campos de refugiados junto a la localidad de Barrancos para alojar y proteger a este grupo de españoles.

sábado, 26 de março de 2011

Posto Fiscal de Brufe e contrabando na serra Amarela

O Sr. Eliseu Seixas Aguiar enviou-nos mais uma foto histórica, trata-se do Posto Fiscal de Brufe, Cutelo, Secção do Gerês, no ano de 1931.
Publicamos, conjuntamente, uma excelente entrevista ao Sr. João Martins que, em tempos, se dedicou ao contrabando nesta zona da raia terrestre, percorrendo os carreiros da serra Amarela.
Vamos verificando, com agrado, que os velhos carreiros percorridos pelos contrabandistas e guardados pelos guarda fiscais estão a ser reabilitados pelas comunidades locais, havendo já dezenas de percursos pedestres por todo o pais, normalmente designados por "Rotas do Contrabando", e percorridos por centenas de pessoas. Nalguns já há figurações "históricas" com simulações de contrabandistas e guarda fiscais.
Poderiam, é claro, os velhos postos da Guarda Fiscal, abandonados e vandalizados terem alguma utilidade nestas "Rotas do Contrabando", por exemplo, como "postos-museu", locais para descanso e confecção de refeições, ou até dormida dos caminhantes e turistas.

Custódio Duarte


João Martins, um contrabandista de Gondoriz

João Manuel Martins vive no lugar da Refonteira, em Gondoriz, freguesia de onde é natural e onde sempre viveu e, tal como muitos outros terrabourenses, para sobreviver, foi obrigado a fazer contrabando entre Portugal e Espanha.
Hoje, este gondoricense que já conta com 80 anos é um dos poucos contrabandistas ainda vivos e conhece, como a palma da sua mão, a rota do contrabando onde, naquele tempo, andou juntamente com dezenas de homens terrabourenses, principalmente, de Brufe, Gondoriz e Cibões.


Este contrabandista garante que todo aquele que se aventurava a vencer as agruras da Serra Amarela e a desafiar a vigilância zelosa da “guarda” tinha de ser um bom conhecedor dos trilhos da montanha, de possuir um grande sentido de orientação, de ter muita disciplina e, ainda, de ter espírito de sacrifício, entreajuda e solidariedade.

Este gondoricense afirma à nossa reportagem que a pé, durante a noite e no silêncio da noite,os caminhos na Serra Amarela eram calcorreados por todos aqueles que faziam do contrabando o seu ganha pão. “Era um negócio de tostões, mas era a minha única fonte de receita. Naquele tempo, ganhava-se muito pouquinho, mas, naquela época, não tínhamos onde ganhar dinheiro. Sempre eram alguns míseros tostões que entravam na nossa casa!” Às vezes, não ganhavam para a despesa porque quando transportavam para Espanha, por exemplo, ovos e tinham de fugir às perseguições da “guarda”, partiam-nos e lá se ia “por água abaixo o nosso pequeno investimento”. Tudo era feito a pé e sempre que os ovos rareavam “chegávamos a ir comprá-los muito longe. Era uma vida escrava” lamenta-se. “Às vezes, saíamos com os ovos acomodados em palha nas mochilas e chegávamos a Espanha com eles todos partidos. Não se aproveitava nenhum ovo!”
Os contrabandistas, da rota da Serra Amarela, levavam para Espanha principalmente ovos, azeite e sabão e para Portugal podiam trazer produtos, tais como: boinas, botas, meias, tabaco, chumbo para carregar as espingardas, mas o produto que mais “trazíamos eram enxadas. As autoridades nunca revistaram a minha casa porque nunca houve denúncias. Contudo, se o fizessem nunca encontrariam nada. Tudo o que eu trazia de Espanha era escondido, principalmente, no meio do monte”.
Os produtos que levavam de cá eram comprados nas “vendas” das aldeias ou aos lavradores locais, mas, às vezes, quando os ovos eram insuficientes iam comprá-los ao concelho de Amares, nomeadamente a Caldelas, a Rendufe e à Feira Nova.
De Brufe até Espanha, percorrer o caminho, demorava pouco mais de 4 horas, mas de Gondoriz até Torneiros a “caminhada levava de 7 a 8 horas. Mas este tempo podia ser bem maior! Tudo dependia do caminho. Só conseguíamos fazer neste tempo, se fossemos pelo cimo da Serra Amarela e sem qualquer tipo de percalço”.
Na Serra Amarela, a caminhada era feita normalmente à noite, em silêncio, sem fumar, em grupo e em fila indiana. “Às vezes, percorria-se a rota do contrabando de dia, principalmente, quando estava nevoeiro”. Na frente da fila, que podia atingir umas boas dezenas de metros, ia sempre alguém que conhecia bem os trilhos. “Chegámos lá a ir 75 homens que formavam uma fila com uma distância como daqui de Gondoriz a Terras de Bouro. Vergados pelo peso das nossas mochilas, íamos separados para não sermos apanhados e, às vezes, quando desconfiávamos que podia aparecer a guarda, púnhamos na dianteira, muito distante de nós, alguém que levava um fardo de pouco valor e, quando era interceptado pela guarda, fazia um alarido tal que nós, mesmo a uma distância considerável, ouvíamos e fugíamos sem sermos apanhados. Outras vezes, pressentíamos a presença da guarda e tínhamos de desviar-nos para o lado do Lindoso, o que nos atrasava muito e nos fazia aumentar o tempo da caminhada”.
No seu tempo, havia três postos da guarda fiscal: um no Campo do Gerês, outro em Carvalheira e outro em Vilarinho da Furna. Quando os guardas os interceptavam, gritavam “larga”, disparavam para o ar e quando já não tinham tiros rolavam pedras pelo monte abaixo. “Os guardas sempre que nos apanhavam, tiravam-nos as coisas todas e sempre que fugíamos da autoridade corríamos muitos riscos e perigos. Andar no meio da Serra Amarela era muito perigoso porque havia sítios que se lá caíssemos, morríamos e apodrecíamos sem que ninguém nos encontrasse. No Inverno, era difícil devido, principalmente, à neve, ao gelo e ao vento. A neve e o gelo conservavam-se quase até Abril no alto da serra o que tornava muito perigosos estes trilhos.
A víbora e o lobo nunca constituíram ameaças. “Sempre que nos sentávamos para descansar sacudíamos a vegetação para afugentarmos as víboras. Cheguei a ver o lobo sozinho, mas não se atira a ninguém!”
Aos oitenta anos, este contrabandista gondoricense que “vende frescura”, disponibilizou-se para nos acompanhar e mostrar “in loco” as armadilhas que esconde a Serra Amarela. Informou-nos que percorreu o trilho do contrabando recentemente. Calcorreou, juntamente com o Dr. Manuel Martins a Serra Amarela pelo lado do Posto Emissor do Muro e, também fez, juntamente com o nosso ilustre doutor, a caminhada de Brufe a Torneiros.


Publicado no jornal "Geresão", em 20 de Abril de 2010
In http://terrasbouro.blogspot.com/2010/04/joao-martins-um-contrabandista-de.html

terça-feira, 15 de março de 2011

Faleceu o Tenente Coronel Calado Vilela




Faleceu o Ten Cor Armindo Calado Vilela.
Prestou serviço no Aeroporto de Lisboa e mais tarde esteve muito ligado ao Serviço de Fiscalização Especial, tendo sido comandante da 7ª Companhia.

Bom amigo.
Paz à sua alma.

Publicado em "Guarda Fiscal", a que agradecemos.

sábado, 12 de março de 2011

Guarda Fiscais humanizaram a GNR


Hoje apeteceu-me escrever algo sobre a integração da Guarda Fiscal na Guarda Nacional Republicana, vista e sentida à minha maneira.Em 05 de Outubro de 1995 tomei posse do Comando o Posto da GNR de Melgaço, uma vila muito bonita do Alto Minho. Ali fui encontrar vários camaradas oriundos da GF. Passados uns tempos de comando constatei que havia diferenças na forma de tratamento da população entre os nossos camaradas e os oriundos da GNR. Os nossos eram mais diplomatas, mais sensíveis às situações com que deparavam no dia a dia, enquanto que os camaradas "nativos" da GNR, eram agressivos e pouco sensíveis, provavelmente da instrução que lhes foi incutida, durante a formação.

Durante 6 anos que comandei esse Posto, nunca tive problemas com o efectivo consegui grande harmonia entre todos os camaradas, mas o que mais me deu orgulho foi em ouvir por parte da população foi estas palavras " a Guarda Fiscal veio humanizar a Guarda Nacional Republicana".
Nesta altura no Comando Territorial de Viana do Castelo a mioria dos Comandantes de Postos eram oriundos da Guarda Fiscal grandes profissionais que souberam adaptar-se à nova realidade e que não deixaram ficar mal a nossa Guarda Fiscal.

Um abraço,

José Vilarinho

quarta-feira, 2 de março de 2011

Histórias da Vida Fiscal - o correio nos postos fiscais

Nos velhos tempos da Guarda Fiscal ( anos 70 ) face às escassas verbas que eram atribuídas para expediente ( consumos de secretaria ), muitos comandantes de Posto quando recebiam o correio da Secção abriam os envelopes com cuidado, viravam-nos religiosamente descolando as suas partes ao vapor de água quente para depois, com novo endereço, serem reenviados para o Comando da Secção com correio evitando assim o consumo de envelopes novos. Para os colar usavam a seiva das cerejeiras e de outras árvores diluida em água outras vezes farinha de centeio e lá conseguiam deste modo ultrapassar dificuldades graças a tanta imaginação...

Na maioria dos Postos não havia o luxo de ter " em carga " uma máquina de escrever daí que todo o expediente a enviar era escriturado à mão com uma caneta de pau feita artesanalmente com um aparo atado na sua ponta. Recordo um comandante de Posto cuja letra era um autêntico rendilhado, verdadeira escrita de arte. A " Nota Diária " ( quem não se lembra ? ) tinha que ser enviada obrigatóriamente todos os dias e na maioria das vezes com a verba : Negativa. Mesmo assim lá ia o sacrificado do guardinha levar " a dita cuja " ao posto de Correios mais perto mas convenhamos que alguns deles a 4 ou 5 km de distância, caso dos Alares - Secção da Zebreira - e Fraldona- Secção de Castelo Branco.

Luis Infante

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Histórias da Vida Fiscal - O aquecimento com "picão"

Nalguns Postos e até Secções da Fronteira
Terrestre o aquecimento no inverno era original. Nada de
electricidade o seu consumo era proibitivo pois as verbas atribuidas
não suportavam tais gastos. Aproveitava-se então o serviço de escala "Coluna Volante" - nunca menos de dois dias no campo - para recolher as raizes das estevas, urze e outros arbustos para fazer uma queimada daí resultando o célebre " picão " ( moínha ) recolhido em
sacos e transportado depois pelo jeep da Secção. E assim,numa
braseira de chapa ou bidon cortado o plantão e a pernoita conseguiam
dominar o frio das longas noitadas de inverno.

É bom recordar estas vivências da Guarda Fiscal de
então e trazê-las a terreiro para que esta nova vaga de GNRs saibam
quanto foi difícil servir na Guarda Fiscal, longe, mas muito longe das
benesses , do tudo ter nos dias que agora se vivem.

Luís Infante

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Guardas Fiscais junto a ponte sobre o Rio Homem - 1931


Mais uma excelente foto, do espólio do Sr. Tenente Seixas da GF, enviada pelo seu neto e nosso colaborador, Eliseu Seixas Aguiar. Trata-se, conforme se pode ler na legenda, uma imagem captada junto de uma ponte de madeira sobre o rio Homem, no caminho para a Portela do Homem.
Podemos observar, numa das margens, três guarda fiscais e, em cima da ponte com o habitual capote negro, certamente o, então, Alferes Seixas.
Em 2 de Agosto de 2010, publicámos uma foto da Portela do Homem, 1931, aquando de uma visita do Alferes Seixas àquele posto. Estamos em crer que esta foto foi tirada durante essa mesma viagem à Portela do Homem. Referimos, também, mas erradamente, que se tratava da antiga cavalaria da GNR. Pelo estudo que o Sr. Sargento - Chefe Sílvio Maldonado nos enviou, ficámos a saber que a cavalaria, na GF, foi extinta em 1916, em época anterior, pois, à da foto (1931).
Em comentário ao dito post de 2 de Agosto de 2010, já o nosso amigo e colaborador Antero Neto nos tinha informado do possível equívoco: " Será cavalaria, ou será o meio de transporte dos guardas? Lembro-me que o meu falecido pai se deslocava para o Posto das arribas a cavalo numa mula que tínhamos para o efeito. Nessas alturas colocava as polainas e as esporas e fazia um figurão".
De facto, situando-se muitos dos postos da GF em locais ermos e de difícil acesso só a pé ou cavalo se lá conseguia chegar.

Aproveitamos a publicação deste post para solicitar aos nossos colaboradores a continuação do envio de material para publicar. Só assim este blog poderá continuar a ter vida.

Cumprimentos,
Custódio Duarte

sábado, 29 de janeiro de 2011

Posto Fiscal do Retiro, Campo Maior - Abandonado

Meus Caros Camaradas Picachouriços,

No dia 26JAN2011, tive a ( infeliz) ideia de ir visitar um local onde prestei serviço nos anos 66 e 67. Um sítio que adorei e onde fiz além de camaradas, Grandes Amigos. São recordações que em condições normais jamais serão apagadas da memória de quem serviu e contribuiu para o bom nome desta que foi uma Grande Corporação e que se chamou Guarda Fiscal. Estou a referir-me, mais precisamente, ao Posto do Retiro, Campo Maior.
É triste e lamentável que quem assumiu responsabilidades e se fez fiel depositário de todo o Património da GF, deixe este posto cair em ruínas, aos olhos de tantos transeuntes que passam ali diariamente. É uma vergonha e não tenho mais palavras para qualificar a baixa responsabilidade da entidade responsável.
Aqui deixo algumas fotos do Ex-Posto da Guarda Fiscal, do Retiro - para aqueles que não conhecem fica situado entre Campo Maior e Badajoz.
Brevemente mais algumas fotos.
Um abraço,
José Jorge





quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Posto de Vale de Grou e habitações das famílias dos Guarda Fiscais - presume-se 1936/7

ano de 1936/7 (presume-se)

Publicamos mais uma foto histórica enviada pelo Sr. Eliseu Seixas Aguiar, que faz parte do espólio do seu avô, Tenente Seixas, que foi comandante, nos anos 30 do século passado, da Secção de Safara a que pertencia o Posto de Vale de Grou.

Conforme se pode ler na "legenda" da fotografia, escrita pelo punho do próprio Tenente Seixas, as construções a branco são as novas casas das famílias dos Guardas Fiscais, por ele mandadas construir, constando as instalações do posto a cor mais escura.

Já sabemos da dignidade de carácter e respeito pelo próximo do Sr. Tenente Seixas na sua acção em prol dos refugiados da Guerra Civil de Espanha - que lhe custou a sua carreira como oficial da Guarda Fiscal. Se compararmos as condições em que viviam as famílias dos Guarda Fiscais, do mesmo posto de Vale de Grou (foto abaixo), quando iniciou as suas funções como comandante da Secção de Safara, e como passaram a viver após a construção destas quatro novas casas, teremos concluir que o bem estar dos guarda fiscais e das suas famílias era uma prioridade no seu exercício de comando. Foi com acções como esta que se foi construído o espírito da Grande Família que era a Guarda Fiscal.

Ano de 1932 (presume-se)