quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Posto Fiscal de Vale de Grou, Secção de Safara, instalações das famílias dos guardas fiscais - 1932 (presume-se)


Mais uma excelente foto do espólio do Sr. Tenente Seixas, enviada pelo seu neto o Sr. Eliseu Seixas Aguiar.

Pela observação das toscas "habitações", feitas com as suas próprias mãos e com os recursos existentes nos arredores do posto onde prestavam serviço, podemos imaginar quão dura era a vida dos guardas fiscais e suas famílias nesta época.

Se na foto destas instalações em torno do posto de Russianas, publicada em post anterior, a construção das paredes parecia ser feita com base em terra amassada (tipo taipa), já aqui o material usado são, apenas, pequenas pedras sobrepostas, uma técnica de construção que ainda é visível em antigos muros de protecção de propriedades. Os telhados, aproveitando a vegetação local, eram de colmo/palha.
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O nosso amigo e colaborador, José Jorge, enviou-nos por e-mail um excelente comentário alusivo a este tipo de construções. Dado o interesse do mesmo transcrevê-mo-lo abaixo:

"Não é de estranhar estas construções, pois em 1964,na mesma secção de Safara, Posto Foz dos Pardais, as nossas habitações também as paredes eram de pedra solta e os telhados eram de colmo. Para quem não sabe o que é colmo, é palha de centeio, as portas eram de tábuas de cofragem e as chaves das portas era um pedaço de arame ou cordel, amarrado pelo exterior, quando estávamos dentro das barracas eram trancadas com um pau pelo interior. Em 1965 na Secção de Mourão, Posto das Ferrarias, os telhados também eram de colmo,aliás eu já enviei para picachouriços, fotos do referido Posto das Ferrarias."


O endereço para as fotos do Posto de Ferrarias é: http://picachouricosgf.blogspot.com/2009/09/posto-gf-abandonado-e-casa-dos-guardas.html

domingo, 17 de outubro de 2010

Exposição "Guarda e República" foi feita justiça à Guarda Fiscal

Foto publicada em :http://guardafiscalorg.blogspot.com/2010/10/guarda-fiscal-na-exposicao-guarda-e.html



Em tempo, denunciámos o que, na nossa perspectiva, tinha sido um acto de afronta e de encobrimento da verdade por parte dos organizadores da exposição " A Guarda e a República" ao não fazerem referência, por mínima que fosse, ao papel da Guarda Fiscal na implantação da República, designadamente nas operações militares do 31 Janeiro de 1981, no Porto, e do 4 e 5 de Outubro de 1910, em Lisboa. Tanto mais que a GNR, que organizou a exposição, tem por Lei, a responsabilidade de preservar a memória histórica da Guarda Fiscal. Daí o nosso título de então: Exposição "A Guarda e a República" no quartel do Carmo: uma vergonha!

Tivemos agora notícia pelo site "Guarda Fiscal- memória" que a exposição a Guarda e a República se encontra novamente patente ao público, agora no Ministério da Administração Interna, e que nela foram integradas várias peças museológicas referentes à acção da Guarda fiscal na implantação da República, nomeadamente o estandarte do Batalhão nº 3, Porto, pela sua actuação na Revolta do Porto de 1891 e a quem foi concedido o Grau de Oficial da Ordem da Torre e Espada do Valor, Lealdade e Mérito.

Está também presente, entre outros, uma escultura de um guarda fiscal. Chamamos a atenção para esta escultura onde se pode ver o "nosso" velho blusão azul, impermeável, com capuz. Porquê esta referência? Porque foi a primeira peça de vestuário, deste género, empregue por uma força de segurança em Portugal e veio marcar uma mudança significativa no tradicional fardamento das polícias, dando-lhe um aspecto mais "arejado" e de acordo com o tempo.

Resta-nos acrescentar que não foi só ao Batalhão nº 3 que foi dada a condecoração do Grau de Oficial da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Como já noticiamos em post anterior, e com imagem enviada pelo sr. Sílvio Maldonado, aquando da centenário da GF, o Presidente da República, General Ramalho Eanes,concedeu à Guarda Fiscal o título de Membro-Honorário da mesma Ordem.

Foi feita justiça à Guarda Fiscal.

Estão, pois, de parabéns os organizadores da Exposição.

domingo, 10 de outubro de 2010

FALECEU O ÚLTIMO COMANDANTE GERAL DA GF - GENERAL HUGO DOS SANTOS




Faleceu no passado dia 05 de Outubro, data comemorativa dos 100 anos da implantação da República, o último Comandante Geral da GF, General Hugo dos Santos. Talvez "ofuscada"pelas comemorações do centenário, a sua morte passou, ingratamente, quase despercebida nos órgãos de Comunicação Social.


Não deixa deixa de ser significativo que no Centenário da República tenha desaparecido um dos militares que, arriscando a sua carreira, participou no golpe de 25 de Abril de 1974 que deu origem à II República e ao actual Estado de Direito Democrático.

Último comandante da única e centenária força de segurança que tinha prevalecido desde os tempos da Monarquia, ficou associado à sua extinção em 1993. Figura controversa, mas de nobres ideais, foi considerado persona non grata por muitos guarda fiscais que lhe atribuem, quanto a nós injustamente, o fim da GF.

E se é certo que a extinção foi uma decisão política de que são principais responsáveis, Aníbal Cavaco e Silva, Dias Loureiro e Oliveira e Costa, não deixa de ser verdade que no caso de Hugo dos Santos a solidariedade e fortes princípios éticos, que se dizem apanágio dos militares, foram esquecidos, pois a extinção da GF e a integração como BF na GNR foi engendrada nas suas costas, nomeadamente pelas chefias da GNR de então.
Perante tal quadro de hostilidade, ou de traição, por parte de alguns dos seus camaradas de armas, a sua demissão foi um acto de nobreza e a única resposta possível, embora, como saibamos, essa decisão tenha sido prejudicial para todo o efectivo que ficou sem o seu Comandante. Comandante que tinha obrigação de continuar a defender os seus militares enquanto não fosse completamente realizada a integração na GNR e nos outros serviços e forças de segurança.

Enquanto Comandante da GF tomou algumas medidas polémicas, contudo é da sua lavra a reorganização da instituição e a implementação do sistema LAOS para vigilância da fronteira marítima. O sistema LAOS usava tecnologia de ponta e era um dos sistemas de vigilância costeira mais avançados do mundo, que se traduziu pela detecção de muitas toneladas de mercadorias contrabandeadas.

Lembramos que Espanha, então, não tinha equipamento que se assemelhasse ao usado pela Guarda Fiscal e o LAOS era motivo de orgulho para Portugal e alvo de "inveja" por parte de nuestros hermanos. Hoje Espanha "ri" dos meios usados pela actual UCC. A GNR deixou de pagar a manutenção do equipamento herdado da velha GF que está todo, praticamente, inoperacional ou sofrendo de forte "miopia". Com a extinção de muitos destacamentos, subdestacamentos e postos na orla costeira, com a operacionalidade baixa dos velhos equipamentos, centenas de quilómetros de costa são deixados à guarda de uma única patrulha auto, sem qualquer equipamento de visão nocturna, numa situação que só encontraremos paralelo antes de 1885.

É também com Hugo dos Santos que se dá uma forte incentivo à investigação das infracções fiscais, especialmente do contrabando, com a modernização das FINT, Forças de Intervenção, que passaram a ter viaturas descaracterizadas e pessoal que trajava sempre à civil para melhor cumprir essa missão. Mercê desse trabalho, a GF introduziu-se no seio das redes contrabando, com pessoal infiltrado e investigadores fora do país, nomeadamente no norte de África.

Esta actuação veio colidir com os "interesses" da PJ e começou a retirar-lhe protagonismo, nomeadamente nas apreensões de droga e tabaco. Há quem defenda que a extinção da GF foi "sentenciada" por ter "desafiado" a PJ nesta área sensível.

Esperamos que com o passar do tempo a verdade seja aclarada e seja reconhecido ao General Hugo dos Santos o devido valor enquanto comandante da GF.


No dia em que o nosso último comandante faleceu, passou a estar disponível on-line um excelente site sobre a Guarda Fiscal, fruto do trabalho dos Senhores Coronéis Gamboa Marques e Victória. Congratulações aos autores que assim, indubitavelmente, homenageiam o General Hugo dos Santos e a GF . O link já se encontra, ao lado, neste nosso blog.










domingo, 3 de outubro de 2010

Posto de Russianas - Barrancos - 1932 - Instalações de famílias de guarda fiscais


Mais uma excelente fotografia do espólio do Sr. Tenente Seixas, gentilmente enviada pelo seu neto, e nosso estimado colaborador, o Sr. Eliseu Seixas Aguiar.

Em nossa opinião, esta é uma das fotografias mais "ricas" que até hoje recebemos, porque ilumina de um ponto de vista histórico-sociológico a vida penosa dos guarda fiscais e suas famílias, que, devido aos locais inóspitos onde eram colocados e a um horário de serviço que, praticamente, só lhes permitia afastarem-se da área do posto no período de férias anuais, os obrigava a construirem com as suas próprias mãos e com os materiais que a natureza ali disponibilizava os lares para viverem com as suas famílias.

Já tínhamos ouvido várias descrições destes casebres construídos em torno dos postos e das suas parcas condições, surge agora esta foto a confirmá-los.

sábado, 2 de outubro de 2010

Guarda Fiscal continua bem viva no espírito dos que a serviram



Os anos passam mas a amizade continua e os militares que serviram a
Guarda Fiscal como legítimos herdeiros do seu historial jamais o
querem ver apagado no tempo.
E aí estão eles uma vez mais juntos no seu 17º Convívio vindos do
Minho ao Algarve e tambem da Madeira num total aproximado de 450
presenças. Este ano serviu de palco uma Quinta paradisíaca da Sobreda
da Caparica no passado dia 18 de Setembro. Foi um dia bem preenchido,
como tem sido nosso apanágio ,com relevo para a solenidade da Missa
campal celebrada num dos seus Jardins.
Foi contagiante ver uma vez mais colegas já encostados à sua
bengalinha mostrar aos mais novos que vale a pena estar presente junto
dos amigos , embora curvados por força dos anos, para recordar com
saudade aqueles velhos tempos do calcorrear de caminhos agrestes da
fronteira cumprindo a árdua Missão de vigiar e evitar atropelos à Lei.
São estes que incutem ainda aquela força para continuar, pelo menos
uma vez por ano, a lembrar a dádiva dos melhores anos da nossa vida
numa luta sem tréguas para vencer um inimigo que procurava sempre
descobrir novas técnicas para nos levar de vencida.
São estes Convívios, pois ,que nos levam a recordar com amizade e
muita saudade tempos que não voltam mais.
Almejando já o próximo ano para nos reencontrarmos ficou marcado o dia
17 de Setembro na linda cidade alentejana de Portalegre que nos irá
receber,estou certo, de braços abertos. Até lá !




Luís Infante