sábado, 21 de maio de 2011

Histórias da Vida Fiscal - A velha técnica do "picachouriços"


Hoje ao visitar o site dos picachouriços dei comigo a relembrar de um acontecimento que se passou comigo em que a técnica do picachouriços foi aplicada, assim vou partilhá-lo com vocês:



Decorria o ano de 1988, no mês de Junho/Julho, e encontrava-me a estagiar no Destacamento Fiscal da Figueira da Foz. Dias antes de minha ida para o estágio, tinha dado à costa uns fardos de haxixe, os quais foram encontrados por um pescador que deu conhecimento à Polícia Marítima que os apreendeu.


Com a chegada dos estagiários, o efectivo aumentou podendo o Comandante do Destacamento lançar um maior número de patrulhas na respectiva ZA. Fui incorporado numa equipa e parti a efectuar patrulhamentos com maior incidência na praia onde tinha dado à costa o haxixe. Passados alguns dias, encontrámos junto à rebentação das ondas espalhadas na areia umas tabletes de haxixe, que foram recolhidas pesando cerca de 1,600 kg. Passámos juntamente com outras equipas a efectuar a rendição no local, porque durante as noites havia movimentos estranhos na referida praia e na área circundante, o que nos levou a desconfiar e a intensificar o patrulhamento.




Dado que suspeitávamos que a droga devia estar escondida na areia, sugerimos ao Comandante do Destacamento para que fossem feitos uns ferros pontiagudos de forma a que pudéssemos picar a areia. O Comandante acedeu à nossa ideia e uma madrugada fizenhos uma linha e cada um munido de um ferro picámos a areia tendo dado resultados positivos. Enterrados na areia foram encontrados vários fardos de haxixe que pesaram um total de 1200 Kg. Isto aconteceu numa praia próximo da lixeira de Mira.
Resultado da história: a técnica do picachouriços resultou.


Um abraço,



José Vilarinho

terça-feira, 10 de maio de 2011

Os guarda fiscais de Ernestina, de J.Rentes de Carvalho


O nosso amigo Antero Neto, em tempos, aconselhou-nos a leitura de Ernestina, de J. Rentes de Carvalho (escritor português que reside na Holanda), pois duas das personagens da obra tinham sido guarda fiscais: José Maria Carvalho, avô do escritor, e António Afonso de Carvalho, o seu pai.



Ernestina, quanto a nós obra de qualidade, onde talvez mais do que com as próprias personagens dos dois guardas fiscais, nos identifiquemos com a saudade das memórias das nossas aldeias de origem - que muitos de nós abandonámos "para sempre" ao ingressarmos na Guarda Fiscal.



O Sr. J. Rentes de Carvalho teve a amabilidade, que muito agradecemos, de nos enviar algumas fotos do seu pai e do seu avô que, como dissemos, são retratados em Ernestina (nome da mãe do escritor).



Tomamos a liberdade de transcrever um apontamento de uma outra obra de J. Rentes de Carvalho, Tempo Contado - Diário (Quetzal Editores, 2010), em que, embora referindo-se particularmente ao seu pai, muitos de nós, guarda fiscais, nos revemos.



" Por vezes tenho inveja do meu pai. Por circunstâncias várias a sua vida não foi feliz, mas pelo menos pôde vivê-la de acordo com o carácter que tinha: o seu deus era a lei, a sua missão fazer cumprir a lei e punir os transgressores, o seu gosto maior ver a lei cumprida (...)" (p.258).












José Maria Carvalho, avô de J. Rentes de Carvalho, c. 1930




António Afonso Carvalho, pai de J. Rentes de Carvalho, Posto da Foz do Minho, 22 de Agosto de 1953
António Afonso Carvalho, pai de J. Rentes de Carvalho, Gondarém, Posto da Ilha dos Amores, 1961


António Afonso Carvalho com outro guarda fiscal, Cais das Freiras, Gaia, 2 de fevereiro de 1932.












Outras fotos onde figura António Afonso Carvalho
Verão de 1933



Quartel da Guarda Fiscal, Rua Direita, Gaia, 1930





Posto da Afurada,1933