quarta-feira, 2 de março de 2011

Histórias da Vida Fiscal - o correio nos postos fiscais

Nos velhos tempos da Guarda Fiscal ( anos 70 ) face às escassas verbas que eram atribuídas para expediente ( consumos de secretaria ), muitos comandantes de Posto quando recebiam o correio da Secção abriam os envelopes com cuidado, viravam-nos religiosamente descolando as suas partes ao vapor de água quente para depois, com novo endereço, serem reenviados para o Comando da Secção com correio evitando assim o consumo de envelopes novos. Para os colar usavam a seiva das cerejeiras e de outras árvores diluida em água outras vezes farinha de centeio e lá conseguiam deste modo ultrapassar dificuldades graças a tanta imaginação...

Na maioria dos Postos não havia o luxo de ter " em carga " uma máquina de escrever daí que todo o expediente a enviar era escriturado à mão com uma caneta de pau feita artesanalmente com um aparo atado na sua ponta. Recordo um comandante de Posto cuja letra era um autêntico rendilhado, verdadeira escrita de arte. A " Nota Diária " ( quem não se lembra ? ) tinha que ser enviada obrigatóriamente todos os dias e na maioria das vezes com a verba : Negativa. Mesmo assim lá ia o sacrificado do guardinha levar " a dita cuja " ao posto de Correios mais perto mas convenhamos que alguns deles a 4 ou 5 km de distância, caso dos Alares - Secção da Zebreira - e Fraldona- Secção de Castelo Branco.

Luis Infante

4 comentários:

  1. O Nosso Major Infante descreveu e bem como eram as coisas até aos anos 60 e até mais adiante. Fez-me recordar um dia em que, ainda soldado, em serviço no posto dos Mociços da secção do Alandroal, estando nomeado para ir a mantimentos, (era a designação dada a quem era nomeado para ir levar e buscar o correio à aldeia), no caso Mina do Bugalho a cerca de 15Km, se não me foge a memória, e com um dia daqueles em que a chuva não deu tréguas durante todo o dia, lá fui eu buscar o correio. Na minha motorizada, o que até era um luxo poder ter, com a capa sobre mim e sobre a mala onde levava a correspondência fiz o percurso pelo único caminho existente, atravessando os barrancos, como lá lhas chamavam aos cursos de água originados pela chuva, alguns dos quais tinha de me apear da motorizada para os atravessar. Mas na ida apesar da dificuldade fiz o percurso sem incidentes.
    Já no regresso as coisas foram bastante complicadas pois que, a meio do caminho, e no meio de um lamaçal furou um pneu. Apeei claro e puxei a motorizada para fora do lamaçal. Com as rodas atascadas de lama como tive eu de me desenrascar:
    Encostei a um sobreiro perto de um regato de água e, com a capa tentando me resguardar comecei por com água tirar toda a lama acumulada na roda e no interior do guarda lamas. Depois com os desmontas lá tirei para fora a câmara de ar para consertar, mas a água dificultava a limpeza da mesma para aplicação da cola e respectivo remendo. Então, com um trapo que trazia na caixinha da ferramenta, abri o depósito da gasolina e ensopei-o. Depois consegui com a cobertura da capa a cobrir limpar com o pano encharcado e deixar a superfície em condições de aplicação da cola e remendo. Felizmente o furo ficou remendado e sempre com a chuva sem dar tréguas lá terminei a operação e regressei ao posto.
    Esta apenas uma entre várias outras, mas que nunca se tornavam drama. Tinha a força de meus 22 anos e parece que nada me fazia obstáculo. Mas recordo com saudade aqueles tempos, lugares e pessoas que sempre eram muito simpáticas para com os Guardas Fiscais.

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  2. Apareço com meu nic serico115, mas sou o José M. Costa

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  3. Eu estive no Posto de Vale de Malhão nos anos 63/64 e,nenhum dos guardas tinha sequer uma bicicleta a pedal,quanto mais uma motorizada,o transporte do comandante do Posto,era um burrito e o dos guardas era montado nas botas com polainas,mudando a detraz para a frente,assim o sr.José M.Costa,já era nessa altura uma figura de destaque.Muitos parabéns

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  4. Belos depoimentos. Obrigado

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