quarta-feira, 21 de abril de 2010

Exposição "A Guarda e República" no Quartel do Carmo: Uma vergonha!


Visitámos, pela primeira vez, a exposição que, anualmente, a GNR tem vindo a realizar no Quartel do Carmo. Como Guarda Fiscais, e no Comando Geral da Guarda que prometeu, em Lei, zelar pelo património histórico da GF não poderíamos deixar de nos sentir humilhados pela total, e propositada, ausência de referências à nossa centenária e briosa Guarda. Isto, claro, se não conhecêssemos, há muito, os intentos da GNR no que a este assunto diz respeito.
A GNR, como Força de Segurança que ainda está longe de ser e acreditar na Democracia, faz aquilo que, normalmente, os invasores fazem: tentar apagar todo e qualquer vestígio do invadido, desde a Língua às memórias. É o que acontece com a Guarda Fiscal.

Nem no vídeo sobre o futuro museu da GNR é feita qualquer referência ao património da Guarda Fiscal. Fala-se das guardas antecessoras (Guarda Municipal de Lisboa e do Porto) do relacionamento com os comandos territoriais de todo o país para se ir salvaguardando o património da GNR e pouco mais.

Mas quem é que a agora "democrata, republicana e abrilista" GNR pensa que engana?

Quem é que no tempo da monarquia carregava sobre os republicanos de Lisboa e do Porto? Não eram as ditas Guardas Municipais antecessoras da GNR?

Quem derrotou a 1ª revolta republicana de 31 de Janeiro de 1891, no Porto, matando alguns dos revoltosos e enviando para o exílio os restantes combatentes republicanos de entre os quais se encontravam algumas companhias de guarda fiscais? Não foi a antecessora Guarda Municipal do Porto?

Quem lutou ao lado dos monárquicos contra os republicanos do 5º Outubro de 1910? Não foi a Guarda Municipal de Lisboa?

Não é verdade que pessoal da Guarda Fiscal faleceu combatendo ao lado dos republicanos, pois o grosso das companhias de Lisboa estavam do lado da República em 1910?

Onde estava a GNR no 28 de Maio de 1926 aquando do derrube da I República? Quantos mortos teve em guarda da "sua" República?

Qual foi a primeira força de segurança a aderir ao 25 de Abril de 1974 e qual foi a última e a que mais entraves colocou para que a ditadura Salazar/Caetano caísse?

Quem substituiu com dignidade e humanismo a terrífica PIDE/DGS durante os primeiros anos da democracia no controlo de passageiros nas nossas fronteiras?

Pois é... mas os agradecimentos dos políticos democratas do pós-25 de Abril foi, não só extinguirem uma centenária Guarda que sempre esteve do lado dos ventos da História do país, como, o que foi mais humilhante, entregar o grosso dos que nela serviam e todo o património a uma Guarda que continua a ser mandada por os ultraconservadores do Exército, uma Guarda atrasada, e que quer fazer dos que nela servem não agentes de autoridade ao serviço do cidadão, mas ao serviço de ideais ultrapassados e nada democráticos, nem que para isso os tenha de manter sobre um regime autoritário a despropósito e com cargas horárias de "escravatura".

Os inúmeros estudos sobre o contrabando nas zonas raianas, os museus, caminhos do contrabando, e demais actividades culturais que florecem em torno desta temática bastaria para os responsaveis pelo museu e cultura da GNR tivessem outra visão sobre o valor do património da GF, mas...

Talvez seja altura de nós, "picachouriços", começarmos a dialogar no sentido de que a guarda do património passe da GNR para a Alfândega, instituição a quem sempre estivemos ligados e em que melhor, e com mais proveito para o país, teríamos sido integrados.

13 comentários:

  1. Como foi realizado o levantamento e transferência desse património?
    Que lugares têm ocupado os picachouriços na GNR?
    Os lugares "chave" ou outros...?
    E os adidos que não ocupam vagas mas ocupam cadeiras?
    Abraço

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  2. Pois é caro picachouriços. Aquilo que foi em tempos uma digna corporação desapareceu para sempre excepto na memória daqueles que dela fizeram parte... de Melgaço a Vila Real de Sto António, de Peniche a Barrancos. Só resta mesmo este blogue para a matarmos saudades.
    Soldado 3127-51

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. O título da exposição é a Guarda e a Republica. Ou seja, a Guarda Republicana pq a GF nao é Guarda Fiscal Republicana.
    E este tipo de exposiçoes sao avanços na cultura do nosso pais e portanto nao devem ser denegridos.

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  5. Sr Paulo sempre: se o srº.estivesse bem informado da extinção (MORTE) da Ex-GF,o srº. sabia que no dia 13 de Novembro de 1993,foi o um dia muito triste para quem serviu com muita dedicação na Ex-Briosa GF,foi nesse dia que saíu em Dec-Lei que a o CGGNR,foi nomeado Fiel Depositário de todo o Património e a transferência de quase 2 milhões de contos dos cofres da Ex-GF,para os cofres da GNR,e a responsabilidade por parte da GNR de conservar, não vender nem alienar esse Patrimóneo.Quanto aos lugares ocupados pelos Picachouriços,nos primeiros anos foram amargos e descriminatórios,muitos dos Picachouriços fomos humilhados,por não aceitarmos ir trabalhar para os manda-chuvas,nas horas de serviço de escala,e quando lhe falo em descriminados,essa é uma das razões que os Picachouriços não aceitamos,e sabe porquê? Porque até o número de matrícula é diferente,todos os Picachouriços temos o número 6 na quarta posição do Nº.de matrícula,por exemplo 0006000,isto não é ser descriminado?Estou plenamente de acordo que a guarda do Património da Ex-GF passe para a Alfandega,e que sejam dados aos Picachouriços todos os benefícios que nos foram retirados pela GNR, como por exemplo a assistência Médica e medicamentosa,pois temos uma assistência médica e medicamentosa que é uma vergonha,principalmente quem vive fora dos grandes centros urbanos.Brevemente publicarei umas fotos do Posto Fiscal na Fronteira de Galegos (Marvão),é pena ver o estado de consevação de todo aquele Património.É vergonhoso,não só para nós como para quem passa naquela Fronteira.

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  6. A GNR devia ter sido extinta tal como a PIDE/DGS. Era o que estava previsto e esteve por um "fio". Parece que vamos ter de esperar pela próxima Revolução para nos livrarmos desse embuste-camaleão, ao mando do Exército, que só serve para proteger o Poder e os poderosos, independentemente do regime político em vigor.

    José Augusto

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  7. Os anónimos que se identifiquem! Qual o medo???Todos temos alguma razão naquilo que dizemos mas a absoluta, nunca ninguém a saberá!!

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  8. Por favor -.-'

    Esta exposiçao como as dos anos anteriores que se realizaram no Carmo foram das melhores exposiçoes que eu ja tive oportunidade de ver.
    Levei toda a minha familia desde o meu pai aos meus filhos. Todos adoraram.

    É disto que Portugal precisa a nivel de cultura.

    Em vez de criticarem este tipo de exposiçoes e se acham que nao é assim tao bom entao tentem fazer mais. Porque nao fazer uma exposiçao sobre a Guarda Fiscal?

    Cumprimentos

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  9. Nada me causa maior confusão que os recalcamentos de saudosistas de regalias e mordomias pessoais.
    A nostalgia do passado não é por si só negativa, o orgulho no passado e o espírito de Grupo são até louváveis,só não posso é aceitar que à custa de um sentimento de perda se procure denegrir uma outra instituição.
    Já se falou das revoltas republicanas e dos seus arautos " pelos vistos tudo gente pacifista " mortos pela Guarda Municipal; somos um povo de mitos e esse é outro mito que se quer impingir aos portugueses, o de que as gentes republicanas eram uma espécie de seres dotados de uma superioridade moral, esquecendo-se de referir a sinistra Carbonária e todos que a partir de 1910 cometeram autênticos actos inquisitoriais contra monárquicos, clérigos, católicos e republicanos moderados, mas pergunto ainda se os monárquicos de Paiva Couceiro foram bem mortos por ter sido a tão humana e briosa Guarda Fiscal a matá-los, ou se só foram bem mortos os que a GF matou e mal os que foram mortos pela GNR.
    Para terminar não me lembro de em 1993 ouvir qualquer autarca, ou mesmo cidadãos isolados ou em grupo mostrarem a sua preocupação pelo encerramento dos postos da GF das suas áreas, o mesmo já não acontece quanto aos postos da GNR ou esquadras da PSP.
    Ou seja a GF só deixou saudades aos Picas, o povo já há muito se esqueceu.
    Se a GNR não cuidou do património da extinta GF, deve-se pedir explicações aos senhores oficiais que logo a partir de 1993 chefiaram 5 das 6 repartições do então Comando Geral da GNR " Todos oriundos da GF " e que tantas saudades deixaram em todos.
    Por muito que doa aos Pica Chouriços a GNR reprime e castiga é certo mas também ajuda o cidadão enquanto que o tão nobre serviço da GF servia apenas e só para reprimir, nunca em circunstancia alguma um pica chouriços se relacionava com um cidadão para o ajudar mas apenas e só, para apreender e ou autuar, mesmo o espírito subjacente às divisas, uma: Pela Pátria e Pela Lei a outra Pela Lei e Pela Grei, aqui está a diferença ao serviço do povo a GNR e a GF ao serviço dos cofres do estado.

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  10. ALENTEJO: Dois Tenentes um da GNR outro da Guarda Fiscal:

    A acção do Tenente CARRAJOLA DA GNR

    No dia 19 de Maio de 1954, em plena época da ceifa do trigo, Catarina e mais treze outras ceifeiras foram reclamar com o feitor da propriedade onde trabalhavam para obter um aumento de dois escudos pela jorna. A uma pergunta do tenente da guarda, Catarina terá respondido que só queriam "trabalho e pão". Como resposta teve uma bofetada que a enviou ao chão. Ao levantar-se, terá dito: "Já agora mate-me." O tenente da guarda disparou três balas que lhe estilhaçaram as vértebras. O menino de colo, que Catarina tinha nos braços ficou ferido na queda. Uma outra camponesa teria ficado ferida também.

    De acordo com a autópsia, Catarina foi atingida por "três balas, à queima-roupa, pelas costas, actuando da esquerda para a direita, de baixo para cima e ligeiramente de trás para a frente, com o cano da arma encostada ao corpo da vítima. O agressor deveria estar atrás e à esquerda em relação à vítima". Ainda segundo o relatório da autópsia, Catarina Eufémia era "de estatura mediana (1,65 m), de cor branco-marmórea, de cabelos pretos, olhos castanhos, de sistema muscular pouco desenvolvido".


    De acordo com a autópsia, Catarina foi atingida por "três balas, à queima-roupa, pelas costas, actuando da esquerda para a direita, de baixo para cima e ligeiramente de trás para a frente, com o cano da arma encostada ao corpo da vítima. O agressor deveria estar atrás e à esquerda em relação à vítima". Ainda segundo o relatório da autópsia, Catarina Eufémia era "de estatura mediana (1,65 m), de cor branco-marmórea, de cabelos pretos, olhos castanhos, de sistema muscular pouco desenvolvido".

    A ACÇÃO DO TENENTE SEIXAS DA GUARDA FISCAL

    Nos anos conturbados de 1936 a 1939 da história de Espanha, quando o regime eleito democraticamente é derrubado por militares golpistas, com apoio dos partidos de direita, durante uma sangrenta guerra civil, e à medida que as tropas espanholas revoltosas da chamada Coluna da Morte de Yagüe progrediam de sul para norte ao longo da fronteira portuguesa, as populações das localidades ocupadas procuravam refúgio em Portugal, pondo-se a salvo de sevícias e execuções.

    Perseguições de toda a ordem desenrolavam-se na zona fronteiriça. Muitos eram mortos antes de passar a fronteira, outros eram detidos pelas autoridades portugueses e deportados para os seus adversários, devido à colaboração do governo de Salazar com os insurrectos fascistas.

    Neste contexto, a acção do Tenente Seixas foi ter evitado, em 1936, o massacre de grupos de refugiados espanhóis pelas mãos dos seus perseguidores, ou destes em conluio com alguns militares portugueses, e de ter organizado, mantido e ocultado um campo de refugiados com centenas de pessoas no lugar da Choça do Sardinheiro, concelho de Barrancos, evitando também que vários elementos constantes de “listas negras”, políticos e intelectuais republicanos espanhóis, fossem encaminhados para Badajoz, onde seriam fuzilados.

    O Tenente Seixas da Guarda Fiscal era comandante daquela região de fronteira e as suas decisões de tolerância e humanidade para com os refugiados desagradavam aos comandos militares destacados para a zona e à polícia política PVDE/PIDE.

    Mas a situação de um campo de refugiados clandestino só viria a ser descoberta, por discrepância em números, quando das operações de transferência para Tarragona de cerca de 1500 refugiados embarcados no navio Nyassa. Então, o Tenente Seixas, qual Schindler português, foi preso e demitido das suas funções.

    Não queiram comparar a GNR com a GF.

    José Mendes

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  11. Com o processo de extinção da G.Fiscal, conseguiu-se diluir uma fortuna tanto em património imobiliário, viaturas,cultural, como em dinheiro, muito dinheiro, que pertencia aos Serviços Sociais da GF.

    Pelo que interpreto da Lei, sempre que seja extinto um serviço social ou associação, depois de saldadas as dividas pendentes, os bens restantes, serão distribuídos pelos associados ou membros, que no caso da G.Fiscal, era-mos cerca de 8.000, mais os reformados.

    Se bem me recordo,os S.Sociais/GF naquela data, possuía cerca de 1.375 fogos, mais de um centenar de viaturas e cerca de 18.000.000 de contos, este distribuído por:-emprestados aos S.Sociais/Gnr, cerca de 7.000.000; aos S.Sociais/Psp, cerca de 5.000.000 e cerca de 7.000.000 nos cofres do CG/GF.

    Aquando da visita do "cabo loreiro" ( Assim conhecido o ministro da tutela), ao CG/GF e lhe é dado a conhecer a existência de tanto dinheiro, este parecia o tio Patinhas com $$ nos olhos e como por arte de magia, esfumáram-se cerca de 5.000.000.

    As dividas dos S. Sociais da Gnr/Psp, são perdoadas, assim como o golpe de magia do cabo loreiro e seus capangas que o ajudaram a liquidar a G.Fiscal.

    Por Dec/Lei, a Gnr. é constituída Fiel Depositaria de todo o património da extinta G.Fiscal e nunca apresentaram relatório de contas aos membros dos S.Sociais/GF, legítimos herdeiros de um apunhalado Serviço Social, que todos os "pica chouriços" ajudamos a construir.

    Esta novela bem arquitectada por certos energumenos, teve como objectivo desestruturar e arruinar, uma Policia que lhes poderia morder nas orelhas. A G.Fiscal, era dotada de pessoal inteligente e capaz de resolver o mais complexo imbróglio, desestabilizando as economias dos grandes lobis corruptos e delinquentes... Uma pedra no sapato, para os senhores do dinheiro.

    A união faz a força e isto foi o que nos faltou, facilitando o genocídio dos Guardas Fiscais.

    Viva a liberdade de expressão

    Porfirio Ribeiro

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  12. As boas memórias devem ser relembradas, mas como tudo na vida tambem haviam espinhos na GF. Em todos os escalões havia elementos que em vez de entrar para a GF deveriam ter entrado para a prisão. Muitos estavam vendidos a traficantes e contrabandistas, nem tudo é mar de rosas... falo isto por revolta porque trabalho com muitos EX GF, que muito estimo.

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  13. JOÃO MANUEL PEDRO HONÓRIO17 de fevereiro de 2011 às 07:22

    Ao ler todos estes comentários, fico ainda com mais saudades das trocas de ideias que se tinham NAQUELA força (GF)e como os militares eram tratados.
    Já tenho mais tempo prestado na GNR ( 26ABR94-17FEV11 do que passei na GF (23FEV83-25ABR94)e posso assegurar que quem trabalhava com gosto e tinha a responsabilidade de representar uma força como a GF, agora também o faz na GNR, mas como tudo na vida: " NÃO HÁ BELA SEM SENÃO, NEM REGRA SEM EXCEPÇÃO".
    Também na GNR tenho sido bem tratado e respeitado. PORQUE SERÁ?.........

    JOÃO HONÓRIO
    1836182

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