Vou lembrar mais uma das minhas vivências na Secção da Zebreira que
comandei de 1969/72.
O contrabando por aquelas bandas era muito pobrezinho -
travessas, pratos e copos de pyrex, chocolates, bebidas, roupas, c aramelos
,café - mas a Missão dos que vigiavam aquelas terras inóspitas era
precisamente evitar a entrada no País desses artigos por lugares não
habilitados ou seja " a salto " nas costas do GF.
Era imperioso "mostrar serviço" face aos constantes lembretes dos
Comandos Superiores e até havia uma espécie de desafio e avidez de ver
muitas vezes o número e valor das apreensões mencionadas na Ordem do
Batalhão.
Assim lá íamos fazendo pela vida e dando nas vistas. Era sempre uma
festa quando aparecia qualquer carregamento porque estava ali o fruto
do trabalho árduo dos nossos homens.
Os artigos apreendidos eram então levados para a Secção, devidamente
relacionados dando-se posteriormente conhecimento á Alfândega para que
esta procedesse à autorização de venda em hasta pública ( leilão ).
Quando avultadas a Alfândega chamava a si tal tarefa.
Vinha depois a feitura do edital colocado em lugares estratégicos
indicando o dia e hora, normalmente uma vez por mês e sempre Domingos
à tarde para maior participação dos interessados.
Recordo com saudade aquela " romaria " de pessoas da terra e de muitas
localidades vizinhas que marcavam presença no intuito de levarem mais
em conta alguma coisa para casa.
Chegámos a demorar tardes inteiras para terminar os leilões porquanto,
a pedido dos presentes - e eu dava o jeito - os mesmos eram feitos em
lotes pequenos e deste modo mais acessíveis à bolsa de cada um.
Curioso era sabermos que muitos dos que estavam presentes eram os
donos dos artigos apreendidos, daí quererem recuperar o perdido. De
salientar também que este contrabando era normalmente " com arguido
desconhecido " por não haver lugar a detenção. Os contrabandistas
tinham por hábito abandonar a mercadoria ao pressentirem a presença
dos Guardas.
Aqui fica mais um desfiar de recordações , parte integrante dum
palmarés que jamais poderemos esquecer
Luis Infante
Por casualidade, encontrámos o DL de 1923 que cria a Secção de Zebreira do Bat. 2 da GF, substituindo a Secção de Segura. A mudança deu-se, fundamentalmente, por não existirem em Segura as comunicações telegráficas necessárias ao bom funcionamento do serviço da GF.
Vide link abaixo:
http://www.dre.pt/pdf1s%5C1923%5C02%5C03900%5C02390239.pdf
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