Estação da CP de Mogadouro, onde Antero Neto apanhava o comboio para a colónia de férias da GF
Infelizmente não possuo fotografias dos maravilhosos tempos que passei nas colónias de férias da Guarda Fiscal, quer na Póvoa de Varzim, quer no Ancão.Mas possuo lembranças, que jamais se apagarão da minha mente, e pelas quais ficarei eternamente grato à Guarda Fiscal. Lembranças da alegria que senti quando, pela primeira vez, nos idos de 1975, o meu pai me comunicou que iria passar três semanas à praia. Lembro-me do ligeiro aperto que senti no estômago quando chegou a hora de partir. E do zelo da minha mãe que cosia as minhas iniciais na roupa que haveria de levar. Da nota de cem escudos cuidadosamente embrulhada num lenço. Do sorriso amigo do condutor que me haveria de levar (e aos restantes colegas) à estação de Caminho de Ferro de Mogadouro. Do bulício inusitado da plataforma de embarque. Do cheiro da automotora de bancos duros de madeira. Da chegada ao Pocinho, onde finalmente nos sentávamos nos bancos forrados do comboio. Que nos haveria de levar até S. Bento, com paragem demorada na estação do Tua, onde se nos juntavam os colegas da região de Bragança e de Mirandela. Da chegada à majestosa estação de S. Bento. Do carinho dos Guardas que nos encaminhavam para o jipe, para a transfega até à estação da Trindade. E da chegada à Póvoa, onde nos esperavam para nos conduzirem à fortaleza. De chegar e de ser recebido por um Guarda transmontano, que nos tratava como se estivéssemos em casa. Lembro-me de ficarmos com as últimas mesas no refeitório e com as últimas camas da camarata. E lembro-me da primeira noite, em que acordei debaixo da cama, cheio de frio, na madrugada húmida da Póvoa. E de caminhar em dupla fila indiana, pela avenida dos Banhos adiante, até às nossas barracas. Sempre sob a supervisão rígida e amiga do Sr. Monteiro, e do Sr. Fonseca. E dos pregões da praia. E do sargaço. E das estrelas do mar. E do primeiro mergulho (barrigada).E de nos despedirmos a cantar com lágrimas nos olhos: "Ó Zé, ó Zé, ó Zé / arrebenta a bexiga na caneca do café... colónia querida/ vamos-te deixar/ saudades sentidas/ havemos de levar/ e quando formos velhinhos/ aos pequenos contaremos/ esta vida da colónia/ que nunca mais esqueceremos..."E mais não digo porque já me estão a vir as lágrimas aos olhos.
Um abraço,
Antero Neto
Infelizmente não possuo fotografias dos maravilhosos tempos que passei nas colónias de férias da Guarda Fiscal, quer na Póvoa de Varzim, quer no Ancão.Mas possuo lembranças, que jamais se apagarão da minha mente, e pelas quais ficarei eternamente grato à Guarda Fiscal. Lembranças da alegria que senti quando, pela primeira vez, nos idos de 1975, o meu pai me comunicou que iria passar três semanas à praia. Lembro-me do ligeiro aperto que senti no estômago quando chegou a hora de partir. E do zelo da minha mãe que cosia as minhas iniciais na roupa que haveria de levar. Da nota de cem escudos cuidadosamente embrulhada num lenço. Do sorriso amigo do condutor que me haveria de levar (e aos restantes colegas) à estação de Caminho de Ferro de Mogadouro. Do bulício inusitado da plataforma de embarque. Do cheiro da automotora de bancos duros de madeira. Da chegada ao Pocinho, onde finalmente nos sentávamos nos bancos forrados do comboio. Que nos haveria de levar até S. Bento, com paragem demorada na estação do Tua, onde se nos juntavam os colegas da região de Bragança e de Mirandela. Da chegada à majestosa estação de S. Bento. Do carinho dos Guardas que nos encaminhavam para o jipe, para a transfega até à estação da Trindade. E da chegada à Póvoa, onde nos esperavam para nos conduzirem à fortaleza. De chegar e de ser recebido por um Guarda transmontano, que nos tratava como se estivéssemos em casa. Lembro-me de ficarmos com as últimas mesas no refeitório e com as últimas camas da camarata. E lembro-me da primeira noite, em que acordei debaixo da cama, cheio de frio, na madrugada húmida da Póvoa. E de caminhar em dupla fila indiana, pela avenida dos Banhos adiante, até às nossas barracas. Sempre sob a supervisão rígida e amiga do Sr. Monteiro, e do Sr. Fonseca. E dos pregões da praia. E do sargaço. E das estrelas do mar. E do primeiro mergulho (barrigada).E de nos despedirmos a cantar com lágrimas nos olhos: "Ó Zé, ó Zé, ó Zé / arrebenta a bexiga na caneca do café... colónia querida/ vamos-te deixar/ saudades sentidas/ havemos de levar/ e quando formos velhinhos/ aos pequenos contaremos/ esta vida da colónia/ que nunca mais esqueceremos..."E mais não digo porque já me estão a vir as lágrimas aos olhos.
Um abraço,
Antero Neto
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